08/03/2012

Reflexão 7. Crônica de uma Vida Pasargadiana



            Década de 80, novos ares no país.
            Liberdade, Produtividade
            Paisagens com chafariz.

            Nasce um menino acompanhando a novidade
            Chegando na tarde de uma bela cidade
            Cuja essência já o ensina: valer a pena? Só a verdade!

            Nesta sequência então, é preciso dizer
            Tudo o que esta vida passou a sofrer
            Seguindo sem pestanejar, essa essência de viver.

            Liberdade, Produtividade, nasce um filho da bravura!
            Sem ditadura, sem assadura, sem porrada em viatura
            Pode brincar à vontade criatura!

            Só não vale correr no pátio
            Cala a boca, ou te esculacho!
            Era a voz da mulher-macho.

            Inspetora Dona Cecília
            Bem treinada na Bastilha
            Sentia falta da espartilha...

            Ô minha senhora, me permita sê quem sô
            Correr é coisa boa, vê que grandão que eu tô
            Não é mió separá briga do que me belisca sô!

            Moleque malcriado, vá pra baixo do telhado!
            Correr não é brinquedo, vê se entende que é errado!
            E só sai de onde mando quando ouvir o assoviado.

            Ô Dona Cecília tenha pena deste sê!
            O mundo já é outro, liberdade! Cê não vê?
            Tá na rua, tá na rádio, inclusive na TV!

            Moleque filho da peste!
            Cala a boca e vê se esquece
            O recreio que adoece...

            Tempo bom já tá passando
            Eu via os soldados contra o bando
            Muito atentos, sempre treinando...

            Com sua bota que brilha
            Acorda cedo e nunca ria
            Seriedade é coisa fina!

            Agora..., gente como você
            Pensa que pensa mas não vê
            Que bom mesmo é ter brevê!

            Ô Dona Cecília, eu nem sei o que dizê
            Sabê que um dia eu vô podê...
            Um desses aí até cumê!

            Ô menino assombrado
            Sai debaixo do telhado
            E corre já pra fila ao lado!

            Cante bem, cante correto
            E não banque de esperto!
            Professora estará perto.

           
Garantia de lisura
            Não permite boca dura
Representa a ditadura.

Já vô já Dona Cecília.
Vô cantá é com alegria
            Mas permita pelo menos lhe entregá essa vasilha?

            Com meus sonhos que roubou.
            Com as infâncias que assustou.
            E com o país que desgraçou...

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