Década de 80, novos ares no país.
Liberdade, Produtividade
Paisagens com chafariz.
Nasce um menino acompanhando a novidade
Chegando na tarde de uma bela cidade
Cuja essência já o ensina: valer a pena? Só a verdade!
Nesta sequência então, é preciso dizer
Tudo o que esta vida passou a sofrer
Seguindo sem pestanejar, essa essência de viver.
Liberdade, Produtividade, nasce um filho da bravura!
Sem ditadura, sem assadura, sem porrada em viatura
Pode brincar à vontade criatura!
Só não vale correr no pátio
Cala a boca, ou te esculacho!
Era a voz da mulher-macho.
Inspetora Dona Cecília
Bem treinada na Bastilha
Sentia falta da espartilha...
Ô minha senhora, me permita sê quem sô
Correr é coisa boa, vê que grandão que eu tô
Não é mió separá briga do que me belisca sô!
Moleque malcriado, vá pra baixo do telhado!
Correr não é brinquedo, vê se entende que é errado!
E só sai de onde mando quando ouvir o assoviado.
Ô Dona Cecília tenha pena deste sê!
O mundo já é outro, liberdade! Cê não vê?
Tá na rua, tá na rádio, inclusive na TV!
Moleque filho da peste!
Cala a boca e vê se esquece
O recreio que adoece...
Tempo bom já tá passando
Eu via os soldados contra o bando
Muito atentos, sempre treinando...
Com sua bota que brilha
Acorda cedo e nunca ria
Seriedade é coisa fina!
Agora..., gente como você
Pensa que pensa mas não vê
Que bom mesmo é ter brevê!
Ô Dona Cecília, eu nem sei o que dizê
Sabê que um dia eu vô podê...
Um desses aí até cumê!
Ô menino assombrado
Sai debaixo do telhado
E corre já pra fila ao lado!
Cante bem, cante correto
E não banque de esperto!
Professora estará perto.
Garantia de lisura
Não permite boca dura
Representa a ditadura.
Já vô já Dona Cecília.
Vô cantá é com alegria
Mas permita pelo menos lhe entregá essa vasilha?
Com meus sonhos que roubou.
Com as infâncias que assustou.
E com o país que desgraçou...
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